30 novembro, 2006

De volta ao Brasil

Cheguei ao Brasil com a mala rasgada e um pé de mesa quebrado. Comprei uma mesinha de um artesão que é uma obra de arte. Comprei por impulso, foi num momento que me senti turista por lá. Foi numa feira enorme de artesanato onde o assédio é quase insuportável e as negociações em quanza e dólar fazem o preço cair até 90 % para o turista insistente.
Os órgãos públicos são cheios de gente, gente ocupada e muita gente desocupada. Nas atividades privadas não é muito diferente, vimos pedreiros e pintores se acotovelando aos montes nas obras. A necessidade constante de reduzir mão-de-obra que vivemos no mundo em geral, não se vê em Angola. Influência do comunismo já moribundo? Estratégia para diminuir o desemprego? Baixa produtividade do trabalhador angolano? Baixos salários? Não sei.
As pessoas não têm direito a propriedade, não podem adquirir um imóvel. Eles compram o direito de uso por até 60 anos. Isso explica os casos em que pessoas de classe média alta moram em casebres e dirigem carros de aqui custam R$ 140.000,00. Eles empregam o excedente do que ganham em carrões. Há quem critique a ostentação contrastante e humilhante para o povo que nada tem, mas os defensores da liberdade justificam sua necessidade da posse por uns momentos de conforto diante das mazelas que se submeteram nesses últimos anos.